Há muitos e muitos anos, num
reino chamado Pérsia, havia um rei muito poderoso chamado Achasverosh/Assuero.
Sua esposa, a rainha Vashti, era a mulher mais bela de todo o reino. No
terceiro ano de seu reinado, o rei convidou os príncipes de todas as províncias
para lhes mostrar toda riqueza e beleza do seu reino.
Terminado esse tempo, o rei
decidiu convidar todo o povo de Shushan, capital do reino, para participar
durante uma semana de uma grande festividade nos jardins do palácio.
Em separado, a rainha Vashti
reunia as esposas de todos os hóspedes do rei também para grandes festas no
palácio.
No sétimo dia, como ponto
máximo das celebrações, o rei mandou chamar a rainha, para exaltar sua beleza
perante todos os convidados. Ao ser chamada pelo rei a rainha Vashti firmemente
respondeu: Digam ao rei que não posso aceitar".
Quando os eunucos
transmitiram a recusa da rainha, Achasverosh/Assuero sentiu-se desrespeitado e
humilhado perante o povo, afinal, ser chamado a estar na presença do rei, era
considerado uma alta honraria.
Despedidos os convidados,
consultou aos seus ministros sobre "que atitude deveria tomar contra a
rebelde Vashti". A resposta foi unânime:"tirar-lhe a coroa e buscar
no reino uma nova esposa, afinal, se as outras mulheres seguissem o seu exemplo,
desobedecendo aos seus maridos seria uma vergonha, porque cada homem deve ser o
senhor na sua casa".
Que difícil decisão, pois o
rei amava muito Vashti. Por fim, a rainha foi banida para muito longe do reino.
Seus ministros, preocupados com sua solidão insistiram: "oh! rei
Achasverosh, já é tempo de eleger uma nova rainha". Certamente, uma mulher
tão bela quanto Vashti alegraria seu coração!
Foram, então, postos editais
em todas as províncias, convocando as moças do reino para que o rei escolhesse
a substituta de Vashti.
Havia em Shushan um homem
chamado Mordechai/Mordecai, vindo de Yerushalayim/Jerusalém. Ele criara como
filha uma parente órfã de pai e mãe chamada Hadassa (Esther). Era uma jovem
belíssima.
Ao saber do edital,
Mordechai, decidiu esconder Ester crendo que moça alguma do reino poderia
superar sua beleza. Comunicou a ela sua decisão, recomendando: "Hadassa,
se você for escolhida não diga que é israelita". Esther prometeu obedecer,
porque o tinha como um pai. Sua esperança era que o rei escolhesse outra moça
entre as centenas que lhe fossem apresentadas. Mas o tempo passava sem que
Achasverosh coroasse a nova rainha. Era como se a beleza de Vashti apagasse a
beleza de todas as candidatas; nenhuma lhe agradava. Até que chegou a vez de
Esther e o rei ficou impressionado com sua formosura e apressou-se em
escolhê-la. Passaram-se sete anos desde a deposição de Vashti, quando Esther
ocupou o trono como rainha da Pérsia.
Mordechai passava todos dias
no páteo das mulheres para ter notícias da sua filha adotiva, a rainha Esther.
Foi numa desses dias que
ouviu dois eunucos conversando sobre uma conspiração contra o rei.
Imediatamente mandou comunicar a Esther. Ela tomou as providências devidas e
foram punidos aqueles que tramavam derrubar Achasverosh. Essa atitude de
Mordechai foi anotada nas "Crônicas Diárias do reino".
Nesse tempo, a pessoa mais
importante no reino, depois do rei, era Haman, que gozava de algumas regalias,
recebendo honrarias, entre elas, que por lei todo indivíduo se curvasse e se
prostrasse diante dele. A lei era rigorosamente cumprida por todos, exceto por
Mordechai que acreditava que somente ao Eterno deveria se prostrar . Ao notar o
desdém de Mordechai, Haman encheu-se de ódio, não somente contra ele, mas
contra todo o seu povo.
Denunciou os judeus a
Achasverosh, acusando-os de terem costumes estranhos e não obedecerem as leis
do rei e aconselhou-o a exterminá-los.
Com isso convenceu o rei a
fazer um decreto a todas as províncias do reino, que todos os israelitas,
adultos e crianças, fossem executados em um só dia.
Ao ouvir a notícia da
tragédia, Mordechai correu para Esther, mandando que ela fosse suplicar ao rei
piedade para o seu povo. Era uma ordem difícil de ser cumprida, porque ninguém
podia entrar na presença do rei sem ser por ele convocado; quem tivesse essa
ousadia seria morto. Mas Mordechai insistiu: "Hadassa, você precisa ir;
não pense que escapará ao massacre que ameaça todos os israelitas".
Esther criou coragem.
Convocou seu povo, com a ajuda de Mordechai, pedindo a todos que jejuassem e
orassem para ajudá-la nessa difícil tarefa. A seguir, vestiu os roupas reais e
postou-se no pátio em frente ao salão real. Se o rei estendesse o cetro, ela teria
permissão; se ele não estendesse o cetro ela seria punida pela desobediência.
Vendo-a, Achasverosh sorriu
e levantou o cetro como sinal de sua aprovação. Pediu que ela se aproximasse e
perguntou-lhe, ternamente: "O que queres, rainha Esther? Pede-me! Até
metade do reino te darei". Então Esther respondeu que apenas vinha
convidá-lo para um jantar em que Haman também comparecesse. O rei aceitou,
surpreso por tão simples petição.
Ao recebee o convite, Haman
envaideceu-se; "era tão importante que até a rainha o distinguia,
convidando-o junto com o rei". "Mas", disse Haman à sua esposa e
aos filhos, "nada disso me satisfaz enquanto vir Mordechai à porta do
palácio". "Mande enforcá-lo", responderam. Esse é o meu desejo,
replicou Haman; não só Mordechai; mas todo o seu povo muito em breve deixarão
de existir.
Aconteceu que, nessa mesma
noite, o rei ficou com insônia e pediu que lessem para ele as "Crônicas
Diárias" onde era anotado tudo o que acontecia no palácio. Ao ouvir o caso
da conspiração tramada contra ele e de como Mordechai o salvara, quis saber que
recompensa tinham dado àquele homem. "Nenhuma", responderam!
Nesse momento chegou Haman e
o rei consultou-o: "Que se fará ao homem por quem o rei tiver
gratidão?" Pensando que esse homem seria ele, Haman propôs: "Que esse
homem vista o traje real, use uma coroa, monte o cavalo do rei e seja levado
pelas ruas, apregoando-se: Assim se faz ao homem de quem o rei está
grato".
"Então", disse
Achasverosh, "apressa-te, veste Mordechai e leva-o pelas ruas, como
disseste". E Haman teve que cumprir as ordens do rei. Mas terminado o
passeio pela cidade, voltou para casa furioso e contou à família a humilhação
que havia passado. "Como devo vingar-me?" perguntou à esposa. E ela
respondeu: "Se Mordechai, perante quem já começaste a cair, é da semente
dos israelitas, não vencerás, mas certamente cairás perante ele".
No dia seguinte, quando se
realizava o banquete de Esther, com a presença do rei e de Haman, Achasverosh
perguntou novamente: "Qual é a tua petição, rainha Esther? E qual o teu
requerimento? Até metade do reino te será dado".
Esther levantou-se e disse:
"Peço a minha vida e a do meu povo. Porque eu e meu povo seremos
exterminados".
O rei também levantou-se
indignado: "E onde está aquele cujo coração o permitiu tal crueldade?"
Respondeu Esther: "O homem, o inimigo, o opressor é Haman".
(Desenho para pintar)
Surpreso e chocado por essa
revelação contra o homem que ele mais admirava, Achasveroch retirou-se para o
jardim. Então Haman atirou-se aos pés de Esther pedindo misericórdia. Voltando
o rei do jardim, deparou-se com Haman ajoelhado diante de Esther e gritou-lhe:
"O que fazes? Porventura também queres forçar a rainha na minha própria
casa? Guardas! Prendam este homem!"
Nesse mesmo dia, Haman foi
enforcado na forca que havia preparado para mordechai e, a pedido de Esther, o
rei revogou a lei que decretava a morte de todos os israelitas. A seguir,
mandou chamar Mordechai. Deu-lhe o anel (que representava autoridade) retirado
de Haman e colocou-o na posição que seu inimigo ocupara. Mordechai saiu do
palácio usando um majestoso manto e levando, na cabeça, uma coroa de ouro.
Seu primeiro ato como
ministro foi decretar que os israelitas preservassem, para sempre, como
memorial, o dia 14 do "décimo segundo mês bíblico", dia esse em que a
tristeza se transformou em alegria. Que os celebrassem com banquetes, troca de
presentes entre a família e amigos, e tsedakah (donativos) aos necessitados. E
como esse dia foi marcado pela mudança de sorte dos israelitas, foi chamado de
Purim, plural de"pur (sorte, em hebraico).
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