Capítulo I
Havia antigamente, em certo país oriental, um homem de grande sabedoria já avançado em dias, que era considerado por seus concidadãos um modelo de virtude, pois havia dado inúmeras provas de dedicação á sua pátria, até mesmo com o sacrifício de seus bens pessoais e arriscando a vida. Certo dia, andando pelos campos próximos á aldeia onde morava, encontrou uma caverna meio oculta por arbustos. Adentrando-a para desfrutar de sua sombra, percebeu ser ela bem maior do que julgara de início, e decidiu explorá-la, para conhecer sua real dimensão. Providenciou uma tocha com um galho grosso e seco de árvore, e adentrou a caverna encaminhando-se para o seu interior, deparando-se surpreso, lá no fundo, com um abertura de pequeno diâmetro na parede de rocha úmida, através da qual podia passar confortavelmente. Introduziu-se na passagem e, após caminhar alguns metros, encontrou-se em uma câmara espaçosa. Examinando-a com atenção, descobriu ao fundo dela grande quantidade de enormes tonéis, uns ao lado dos outros. Aproximou-se, e ao iluminá-los e olhar para dentro deles, quase não pode acreditar no que se apresentava aos seus olhos ofuscados: estavam os tonéis todos eles cheios, quase até as bordas, de pedras preciosas que lhe pareceram ser da mais alta qualidade. Estavam ali diamantes, pérolas, safiras, esmeraldas...o velho homem calculou rapidamente que estava depositada naqueles tonéis uma fortuna que sobrepujava a riqueza toda do país onde vivia, se esta pudesse ser reunida em um só lugar.
Retirando-se dali, aquele homem tratou de vender todos os seus bens, e com o dinheiro apurado comprou o campo através de uma oferta irrecusável, ficando de posse do tesouro escondido na caverna. Ciente de que o país do qual era cidadão atravessava um período de grande dificuldade, estando a maioria dos habitantes vivendo em profunda pobreza, que chegava as raias de uma miséria generalizada, decidiu utilizar a riqueza que lhe chegara de forma tão inesperada às mãos, para mudar definitivamente a sorte de seus patrícios, o que era perfeitamente possível, tal a magnitude da fortuna de que se fizera senhor.