Era
uma vez um lindo palácio, muito enfeitado e muito rico. Ele ficava num lugar
muito distante daqui, lá na China. Os jardins do palácio eram maravilhosos. As
plantas eram raras. Os patinhos nadavam no lago. Os passarinhos cantavam. Mas,
quem será que mora lá dentro? Era um homem muito mau. Tão rico, tão importante,
mas tão importante, que quando ele queria matar uma pessoa, ele mandava e não
lhe acontecia nada. Ele era dono até da vida das pessoas daquele lugar.
A casa dele, do Mandarim, por dentro, era
ainda mais bonita e rica do que por fora.
Ele tinha uma sala cheinha de vasos raros e caríssimos. Ele amava
aqueles vasos.cada visita importante que chegava, ele a fazia entrar para
mostrar o salão com vasos tão preciosos.
Havia vasos bem pequenos, outros enormes, outros grossos, outros fininhos,
desenhados e coloridos. Mas, quem cuidava desses vasos? – os empregados, é
claro! O mandarim pagava muito bem para quem cuidasse dos vasos. Era preciso
lavá-los, enxugá-los, tirar o pó todos os dias. Mas vocês não sabem de uma
coisa terrível: se o empregado quebrasse um só vasinho, o mandarim mandava
matá-lo.
Perto
do palácio do mandarim, morava uma família, numa casa muito diferente, era bem
pequena e pobre: a mamãe doente e suas duas filhinhas.
Li-Yng-Mi
e Matako. Elas estavam passando fome. O papai morreu e a mamãe costurava para
ganhar dinheiro adoeceu. E agora?
Ah!
Li-Yng-Mi teve uma idéia.
_
Mamãe, eu vou trabalhar no trabalho do Mandarim. Ele paga muito bem, e nós
vamos comer coisas gostosas, vamos ter dinheiro para comprar remédios e a
senhora vai ficar boa logo.
A
mamãe de Li-Yng-Mi quase desmaiou. Até ficou sem fala.
_Que
é isso minha filha! Nunca. Eu quero que você viva. Não se lembra da sua
amiguinha que quebrou um vaso na semana passada? E foi morta? Não. Tire isso da
cabeça!
Os
dias foram-se passando, quietos e tristes. Mamãe piorou, a comida acabou de uma
vez. E agora? Li-Yng-Mi tornou a falar sobre o empregado no palácio.
Muito
triste, mamãe a deixou ir, mas ficou com o coração apertado. Por outro lado,
Li-Yng-Mi ficou encantada.
O salão dos vasos era maravilhoso. Os tapetes
lindos, as cortinas, as cores... E Li-Yng-Mi logo recebeu o primeiro ordenado,
o segundo... E a mamãe teve remédios e as roupas eram bonitas. E quantas coisas
gostosas elas comiam agora! Era uma alegria.
Um
dia, mamãe fez uma nova roupa para Li-Yng-Mi. Muito linda, mas a manga era
muito larga e quando ela foi pegar um vaso para lavar, a manga esbarrou e
derrubou outro vaso. Ela tentou pegá-lo antes que caísse, mas não deu e ele se
espatifou.
Li-Yng_mi
não sabia o que fazer. Chorou, chorou, depois olhou em volta dela... Ninguém.
Depressa catou todos os pedaços do vaso quebrado, colocou dentro de outro
maior, limpou o chão e saiu correndo pra casa. Logo seria a hora do fiscal. Ele
passava todos os dias com uma lista e, se faltasse um só, ele sabia.
Quando Li-Yng-Mi entrou em casa chorando,
mamãe a abraçou e chorou também. Depois de uns dez minutos, perguntou:
_Você
quebrou, filhinha?
Li-Yng-Mi
nem teve voz pra falar. Só fez sinal com a cabecinha. Quando sua irmãzinha
Matako entrou na sala e as viu, começou a chorar também. Terminou a tarde, veio
a noite e no dia seguinte Li-Yng-Mi
seria morta.
Mamãe
não saiu de perto de Li-Yng-Mi nem um só segundo. Queria aproveitar a filhinha
até o fim.
Matako
foi sozinha para seu quarto ajoelhou-se e falou com Deus, pedindo que ele
ajudasse sua irmãzinha, que fizesse alguma coisa. Depois se deitou, mas não
pôde dormir. De madrugada, ainda escuro, ela teve uma idéia.
Bem
quietinha abriu a janela do quarto e pulou para a rua. Saiu correndo, e sabem
onde ela foi? – Lá no palácio do Mandarim! Estava agora clareando o dia. Sem
que ninguém a visse, ela entrou no palácio. Procurou a sala dos vasos e na
demorou muito a descobrir os cacos
escondidos. Sentiu um aperto no coração e as lágrimas escorreram. No mesmo
instante ela pegou o maior vaso que havia, deu um chute nele. O vaso caiu e
quebrou. Depois começou a quebrar todos os vasos que podia e ia contando. O
barulho que ela fez foi tão grande, tão grande, que em 5 minutos o salão estava
cheio de guardas. Agarraram os braços da menina e ela com as pernas ainda
quebrou mais alguns vasos.
O
Mandarim foi acordado e ficou maluco. Começou a gritar: _ Quero ver essa
garota, a morte vai ser pouco pra ela!
Não
demorou muito, Matako e o Mandarim estavam juntos. Ela olhou firme nos olhos
dele. Qualquer coisa estranha passou no coração do Mandarim.
_Guardas,
larguem a menina. E pensou “nunca vi tanta coragem.”
_Menina,
você sabe o que acontece com quem quebra um vaso do Mandarim?
Como resposta, ela viu um vaso muito lindo
numa mesinha e, num relance, ela jogou o vaso no chão e o quebrou. E falou:
Claro que eu sei. Minha irmãzinha trabalha
aqui, e desde ontem a morte anda lá em casa, porque ela quebrou um vaso seu.
O
Mandarim ficou mais assustado ainda. _Você sabia, então porque quebrou tantos
vasos? Sabe o que vai acontecer agora?
_Eu
sei, vou ser morta. Mas Mandarim, eu quebrei 70 vasos seus, então, eu salvei 70
meninas que iriam quebrá-los. E, olhando firme nos olhos do Mandarim continuou:
_Agora pode mandar me matar.
O
Mandarim ficou quieto. Durante 15 minutos, ninguém falou nada. Matako sentia
agora suas perninhas tremerem. O Mandarim olhando para a menina falou:
_Uma
vida tem muito valor pra você, não? Pois você será morta por meninas que nem
conhece.
_ É
verdade, mas Jesus também morreu por mim e Ele ama tanto o senhor que morreu
pelo Senhor também.
O
Mandarim ficou pensativo. Saiu da sala e deixou Matako com os guardas. Mas ele
demorou tanto que anoiteceu. Matako estava com sono porque não dormiu a noite
toda e não comeu nada o dia todo. E o Mandarim não voltou. Matako dormiu numa
cadeira com guardas a sua volta.
No
dia seguinte, bem seguinte, o Mandarim veio vê-la. Mandou os guardas saírem.
Ficaram os dois sozinhos e o Mandarim olhou firmemente para Matako e disse:
_ Eu
não dormi a noite toda. Você foi tão valente, tão valente que me comoveu. E
você disse que Jesus me...me ama?
O
Mandarim era muito rico, mas odiado por todos. _É verdade?
E
Matako, sorrindo, falou carinhosamente:
_É
verdade. Jesus o ama tanto que morreu pelo senhor. Morreu para com Seu sangue
limpar os pecados dos que Nele crêem e obedecem.
Naquele
momento, Jesus começou a trabalhar no coração do Mandarim, e depois de alguns
minutos, disse aflito:
_Como
eu posso ser perdoado? E o Matako falou:
_Ajoelha,
senhor Mandarim, e convida Jesus para entrar na sua vida. E, trêmulo, o
Mandarim se ajoelhou, e chorando, pediu perdão
a Deus pelas suas maldades e convidou Jesus para entrar em seu coração.
Matako
abraçou o Mandarim. Sorriram. “De agora em diante- disse o Mandarim- nunca mais
uma menina vai morrer por quebrar um vaso. Chame sua irmãzinha.”
Matako
saiu correndo. Quando chegou em casa, nem
sabia por onde começar para contar tanta coisa.
E
viveram felizes daí para frente. E o palácio agora era aberto para as crianças
brincarem e correrem. Agora Jesus está lá dentro. Há felicidade.