Márcia
estava sentada perto da janela. Olhava a chuva que caía sem parar. Sua tia
Helena costurava em uma mesa, bem perto dela.
-
Ah, tia Helena, eu gostaria tanto de ser uma fada, ou ter um anel mágico ou
qualquer outra coisa mágica! - disse Márcia. - Assim poderia resolver uma porção
de coisas num instante! Poderia até fazer essa chuva chover de uma vez!
-
Calma, Márcia! Estamos no tempo das chuvas, e precisamos dela! Enquanto
esperamos a chuva passar, vamos pensar no presente da Mamãe? O dia das Mães
está chegando e ainda não fizemos nada para ela!
- Eu
não consegui pensar em nada, tia Helena! Todos os presentes custam muito
dinheiro, e minha mesada mal dá para o lanche na escola. Taí, se eu fosse uma
fada, ou tivesse um anel mágico, poderia fazer um presente para a mamãe num
instante! Vê como faz falta alguma coisa mágica?
-
Pois eu tenho uma coisa mágica para você dar à sua mãe, e à todas as pessoas
com quem você convive. É um par de luvas. Só que são luvas mágicas!
-
Luvas mágicas? Que genial! Deixe-me ver essas luvas agora mesmo, titia!
-
Pois não, diz tia Helena, indo até o armário e apanhando o par de luvas. - Aqui
estão elas, Márcia. A palavra mágica para que elas funcionem é "FAÇA AOS
OUTROS O QUE QUER QUE ELES FAÇAM A VOCÊ".
- Eu
já ouvi isso em algum lugar! Deve ter sido na Escola Dominical!
-
Acho que sim. Mas como lhe disse, estas luvas são mágicas. Se não forem usadas
direitinho, elas caem sózinhas da nossa mão!
-
Posso colocá-las, titia? Assim faço um teste antes de dá-las de presente para
mamãe. Preciso aprender a usá-las para saber se funcionam mesmo, não é?
Tia
Helena ajudou Márcia a calçar as luvas mágicas. Cada dedo que ia calçando,
tinha um significado:
"FAÇA
AOS OUTROS O QUE QUER QUE ELES FAÇAM A VOCÊ.
1 2
3 4 5 6 7 8 9 10
Enquanto
as duas pensavam no presente para a mamãe, a chuva parou. Márcia saiu correndo
para a rua. Ia brincar com a Luiza.
-
Não posso esquecer das minhas luvas mágicas, pensava Márcia. Preciso estar
certa de que posso oferecê-las à mamãe no dia das Mães.
Assim
que Márcia chegou perto do portão ouviu um lamento:
-Miau,
miau, miau!
Olhou
para baixo e viu um gatinho. Alguém, por maldade, tinha amarrado uma lata na
cauda do gatinho. O cordão estavava muito apertado, e o pobrezinho não podia
sair do lugar.
Márcia
pensou:
- Se
eu estivesse amarrada, gostaria que alguém me soltasse, e assim ela soltou o
gatinho, desamarrando o cordão que o maltratava. Livre, o gatinho rosnou e
brincou se enroscando nas pernas de Márcia.
Depois
disso, Márcia foi brincar com Luiza, uma amiguinha. O nenê estava dormindo na
sala, e elas tiveram que ir brincar no quintal. Enquanto carregava os
brinquedos, Márcia percebeu que a avó de Luiza estava sentindo falta de alguma
coisa.
- O
que a vovó está procurando? - perguntou Márcia.
-
Com certeza são os óculos. Ela sempre perde os óculos! - respondeu Luiza
correndo em direção ao quintal.
Márcia
pensou:
- Se
eu não enxergasse bem e perdesse meus óculos, ficaria contente se alguém os
procurassem para mim. E num abrir e fechar de olhos, Márcia achou os óculos na
cesta de costura, e os entregou à vovó.
-Como
você é atenciosa, menina! - disse a vovó. - Muito obrigada!
Estava
quase na hora do almoço. Márcia foi para casa. Depois que a família terminou de
almoçar ela escutou sua mãe dizer:
- Eu
gostaria de ir à reunião das senhoras hoje à tarde. Mas tenho tanto trabalho
hoje pela frente que vou chegar tão atrasada que é melhor nem tentar ir.
Márcia
pensou:
- Se
eu quisesse ir a algum lugar, ficaria muito alegre com alguém que pudesse me
ajudar a adiantar o serviço.
E
Márcia disse à sua mãe:
-
Mamãe, eu te ajudo com as tarefas. E se a gente não terminar antes do horário
da sua reunião na Igreja, pode ir tranqüila que eu fico aqui e termino o
serviço que eu puder fazer. Pode ir sossegada para a sua reunião.
Tia
Helena sorriu e disse:
-
Não tenha medo de molhar as suas luvas mágicas, Márcia. Elas não se estragam
com água e sabão! São muito resistentes!
Durante
todo o dia, Márcia tentou acostumar-se com as suas luvas mágicas. Uma vez elas
caíram no chão, quando Márcia deu um ponta-pé no livro de histórias que
Joãozinho deixara bem no meio da sala. Mas ela logo calçou as luvas novamente,
e guardou o livro no lugar certo.
O
pai da Márcia chegou do trabalho muito cansado naquele dia. Quando Márcia se
ofereceu para lhe servir um café, ele disse:
-
Como você adivinhou que eu estou com vontade de tomar um cafezinho? Preciso
relaxar um pouco, preciso descansar alguns minutos. Você virou mágica, menina?
Mamãe
chegando da reunião e vendo a mesa posta para o jantar, ficou surpresa e disse:
-
Alguma coisa está mudando nesta casa! Será que alguém está fazendo alguma
mágica para mudar as pessoas aqui?
- Eu
estou fazendo algumas mágicas, sim! - disse Márcia. - Tia Helena me ensinou. É
o presente que vou dar à senhora no dia das Mães. Até lá, quero treinar
bastante. E o Joãozinho tem ajudado na minha experiência.
-
Posso saber que experiência e que presente é este? - perguntou a mãe de Márcia.
- Já estou curiosa. Não vou ficar aborrecida de descobrir que presente é este
antes do dia das Mães.
- É
um par de luvas mágicas! - gritou Joãozinho!
- É
um par de luvas mágicas que eu estou usando desde cedo. -disse Márcia. - Meu
presente para a senhora vai ser usar todos os dias estas luvas mágicas. Olhe
para elas! É só fazer isso: "FAÇA AOS OUTROS O QUE QUER QUE ELES FAÇAM A
VOCÊ".
-
Mas que idéia ótima! - disse mamãe! - Acho que toda a nossa família está
precisando usar estas luvas! Vou calçar um par também!
- Eu
também! - disse o papai.
- Eu
também quero, mamãe! - disse o Joãozinho.
- Eu
já tenho as minhas e tenho luvas mágicas para todos! - disse tia Helena.
Depois
que todos calçaram suas luvas mágicas, Márcia disse muito alegre:
-
Que bom, estamos todos de luvas mágicas! Podemos contar o nosso segredo aos
nossos vizinhos, não é? Estas luvas fazem muito bem a qualquer família!