Vera Lúcia era uma boneca de
pano lindíssima. Antigamente as meninas gostavam muito de brincar com bonecas
de pano. A dona de Vera Lúcia se chamava Rosa Maria. Os pais de Rosa Maria eram
missionários e moravam na China, um país muito longe daqui. O pai de Rosa Maria
era pastor, e estava sempre disposto a falar de Jesus, não importava o lugar ou
a distância.
Rosa Maria era uma menina
muito bonita e delicada, que amava demais sua boneca Vera Lúcia. Onde ia,
levava Vera Lúcia com ela. Brincava, passeava, e até dormia com sua amiguinha
inseparável.
A primeira coisa que Rosa Maria
fazia pela manhã era abraçar Vera Lúcia. Ela gostava porque Vera Lúcia era
muito macia, toda recheada de algodão, e, como era do tamanho de um bebê
recém-nascido, usava todas as roupas de Rosa Maria quando era bebê.
Os pais de Rosa Maria viajavam
muito. Eles já haviam morado no Japão, Alemanha, Rússia, França e Canadá. Já
pensou se Vera Lúcia falasse, o que não teria para contar de tantos lugares?
Bem próximo da casa de Rosa
Maria, havia um orfanato de meninas chinesas. Elas nunca haviam possuído um lar
de verdade, até que pessoas bondosas e que amavam muito a Jesus, levaram-nas
para aquele grande lar.
Algumas das meninas vinham de
bairros bastante pobres e outras haviam sido vendidas pelos próprios pais.
O natal estava chegando e todos
os anos, na manhã do dia de natal, os pais de Rosa Maria levavam-na para
visitar essas pobres meninas do orfanato.
Durante o ano, Rosa Maria
costumava juntar dinheiro e brinquedos dela e dos amigos para colocar aos pés
da árvore de natal para aquelas meninas.
Naquele ano, cada menina
receberia um vestido, um sabonete e um brinquedo. Para conseguir essa proeza,
foi necessário muito trabalho, principalmente da mãe de Rosa Maria.
Cada noite Rosa Maria, no final
de sua oração, dizia: “Querido Jesus, faça com que haja brinquedos suficientes
para cada menina do orfanato”.
Certa noite, após Rosa Maria
terminar sua oração e se deitar, sua mãe lhe disse:
– Filha, o que você vai colocar
na árvore de natal este ano?
– Mamãe – respondeu Rosa Maria –
eu tenho minhas economias que poupei durante o ano todo, mas é meu o dinheiro e
com ele quero comprar um lindo presente para a senhora e outro para o papai.
- Mas, Rosa Maria – continuou a
mãe, amorosamente – você tem tantos brinquedos, por que não dá a mais bela
boneca da sua coleção?
Rosa Maria não era uma menina
egoísta, mas ela amava muito sua companheira predileta – Vera Lúcia.
Ao mesmo tempo lembrava que Deus
deseja que sejamos desprendidos e esse verso veio à sua mente: “De graça
recebeste, de graça dai” (Mateus 10:8). Ela hesitou um pouco e em seguida
disse:
– Sim, acho que posso, mas tenho
que dar minha melhor boneca?
– Isto é com você – disse a mãe –
mas não se esqueça do que Jesus disse: “O que vocês fizeram a algum dos meus
menores irmãos, a mim o fizeram” (Mateus 25:40). Você compreende isso, não é
Rosa Maria?
– Sim, mamãe.
Naquela noite Rosa Maria não
dormiu imediatamente como de costume. Depois de muito pensar, chamou a mãe.
Aos ouvidos da mãe, a filha disse
que era impossível dar Vera Lúcia:
– Não posso! Não posso! Todas
menos essa! Eu tenho a Miranda, que é uma boneca linda, com cabelo de verdade,
tenho outras para escolher, mas a Vera Lúcia não quero dar, por favor!
A mãe, vendo a agonia da filha,
respondeu:
– Minha querida, dê o que você
quiser. O presente será seu, não meu. Mas não se esqueça que Deus deu Seu único
Filho para nos dar a oportunidade de salvação. Ele era rico e se fez pobre por
nós e o preço de nossa salvação foi pago com sangue, Seu próprio sangue.
A mãe beijou-a e saiu, sabendo
que sua filha nunca havia amado Miranda, embora fosse uma linda boneca.
Durante três ou quatro dias, Rosa
Maria ficou bastante pensativa. Aproximava-se cada vez mais rápido o dia de
natal, data em que ela devia tomar sua decisão.
Uma noite, quando Rosa Maria
terminou sua oração, sua mãe ouviu-a repetindo essas palavras: “Por favor,
querido Jesus, ajuda-me a fazer esse sacrifício”.
No outro dia, ao levantar bem
cedo, orou novamente, agradecendo pelo repouso tranqüilo e logo procurou pela
sua mãe, com Vera Lúcia nos braços.
– Mamãe, tome. Quero dá-la para
Jesus.
A mãe ficou até com pena por
aquela atitude bonita da filha e confirmou com ela se não seria Miranda que ela
queria dar.
– Não – disse Rosa Maria – porque
não é Miranda que eu amo e Deus amava a Jesus quando Ele O enviou ao mundo. Eu
quero mesmo dar Vera Lúcia, que eu amo de verdade.
– Está bem – disse a mãe – se é
essa sua decisão então vamos dar uma arrumada em Vera Lúcia. Vamos pentear seus
cabelos, trocar a roupa e colocar uma fita nova no cabelo.
Depois disso tudo, o pai de Rosa
Maria, com tinta e um pincel fino, deu um retoque nos olhos e na boca. Oh! Como
Vera Lúcia ficou linda, ainda mais do que antes!
Enfim chegou a manhã de
natal. Rosa Maria se arrumou toda e foi com seus pais para o orfanato. O pátio
estava todo decorado e bem no centro estava uma linda árvore de natal, com
muitas bolas brilhantes e coloridas, fitas, caixas de presentes e para a
alegria de Rosa Maria, em um dos galhos, estava Vera Lúcia, com ares de grande
importância.
Uma das meninas tinha chegado no
orfanato exatamente um dia antes. Era muito pálida, magra e o seu corpinho
estava coberto de manchas, por ter sido espancada pelas pessoas com as quais
morava.
Os professores e as outras
crianças tentaram fazê-la sorrir mas não conseguiram. A menina achava
impossível alguém poder amá-la.
Em seguida os professores
iniciaram a distribuição dos presentes e Rosa Maria ajudava. Quando a
professora pegou Vera Lúcia para entregar, Rosa Maria abraçou-a fortemente e
olhando para a professora disse:
– Esta boneca é para aquela
menina ali no canto.
A menina nunca havia possuído um
brinquedo antes, muito menos uma boneca como aquela.
A professora tomou a mão de Rosa
Maria e juntas foram até onde se encontrava a menina novata.
A chinesinha ficou
amedrontada, mas Rosa Maria colocou a linda Vera Lúcia em seus braços. Até
parecia que a boneca sorria para aquela triste menina órfã. De repente ela
entendeu que ninguém queria magoá-la. Ela deu um gostoso abraço em Vera Lúcia e
sorriu pela primeira vez. Com isso Rosa Maria ficou super feliz.
Naquela noite, quando Rosa Maria
foi dormir, sentiu como se faltasse uma parte do seu corpo, pois Vera Lúcia não
estava mais com ela. Então, de repente, ela olhou para Miranda, abraçou-a e
disse:
– Oh! Jesus querido, eu cumpri,
eu cumpri! Eu fiz exatamente como Deus fez!
Rosa Maria adormeceu mais
feliz do que todas as outras noites, porque tinha dado o melhor e mais querido
de si para Jesus.
Que triste teria sido para Rosa
Maria se a chinesinha tivesse recusado o presente que com tanto sacrifício e
amor ela oferecia!
Como Deus deve ficar triste
também quando tantas pessoas recusam aceitar o Seu presente maravilhoso, o Seu
próprio Filho, o Senhor Jesus.
E você, também não quer aceitá-Lo
agora como Salvador da sua vida?